Clientes denunciam golpe milionário de empresa de carros de luxo em Belo Horizonte; prejuízo ultrapassa R$ 1 mi
21/01/2025
As vítimas dizem que venderam veículos para a concessionária Prime Veículos BH, mas nunca foram pagos. Um dos carros, uma Porsche, estava avaliada em mais de meio milhão de reais; empresa fechou a loja física em outubro do ano passado. Fachada da concessionária Prime Veículos
Arquivo pessoal
A Polícia Civil investiga denúncias de estelionato contra a concessionária de luxo Prime Veículos, em Belo Horizonte. As vítimas disseram que venderam carros para a empresa, mas não foram pagos. Os prejuízos ultrapassam o valor de R$ 1 milhão.
A Prime Veículos — nome fantasia da empresa Nova Automóveis LTDA —, fica no bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul da capital. Em outubro do ano passado, a administração publicou um comunicado nas redes sociais informando que o atendimento na loja física estaria encerrado com o objetivo de "reestruturar as operações" (veja mais abaixo). Porém, alguns clientes denunciam que, depois do fim da loja no endereço, não foram pagos.
Um perfil chamado "Vítimas da Prime Veículos BH" foi criado em uma rede social e reúne vários relatos que associam a empresa à prática de estelionato. Nas publicações há depoimentos de pessoas que não teriam recebido o valor da venda de veículos das marcas BMW, Audi e Mercedes.
Porsche de meio milhão de reais
O cirurgião plástico Bruno Alvarenga, 43 anos, é uma das vítimas que denunciou o caso à polícia e entrou com um processo na Justiça para reaver o valor. Ele deixou seu carro, uma Porsche Cayenne, na Prime Veículos no mês de agosto, dois meses antes do encerramento da loja.
O carro foi vendido por R$ 548.900 para um comprador do interior de Minas. No entanto, o cirurgião recebeu apenas R$ 180 mil da empresa. Por causa disso, Bruno não pôde fazer a transferência da documentação para o novo dono, que também se sentiu lesado e entrou com processo judicial.
"O comprador pagou o carro à vista, em setembro do ano passado, via PIX. A empresa simplesmente fechou as portas e não me pagaram. Agora, tanto eu como o comprador estamos com processo na Justiça. Sinceramente, sem expectativas [de receber o dinheiro], o rombo que eles fizeram foi muito grande", disse o cirurgião.
Carro do cirurgião Bruno Alvarenga
Arquivo pessoal
Um empresário de 33 anos, que não quis se identificar, deixou o carro dele, um Renault Duster, na Prime, em abril de 2024. O contrato previa que a agência teria exclusividade na venda do veículo por três meses.
Em setembro, como o carro ainda não tinha sido vendido, o empresário entrou em contato com a concessionária avisando que precisava reaver o bem. No entanto, na época, um dos vendedores da loja disse que havia propostas para a compra.
Quando o empresário voltou a procurar a Prime, em outubro, recebeu a informação de que a agência tinha encerrado as atividades no mês anterior. Soube também que o carro dele tinha sido vendido e que ele seria procurado para receber o pagamento, no valor de R$ 79 mil.
"Não estavam dando um posicionamento claro sobre nada. Comecei a correr atrás e consegui o contato de um dos donos, que acabou me pagando uma parte. Ele pagou R$ 25 mil nos dias 9 e 10 de outubro e, depois, nunca mais. Pararam de me responder", contou.
Segundo o empresário, a ideia dele era usar o dinheiro da venda do carro para quitar outro veículo que tinha comprado.
"Eu tinha esse carro para uso pessoal. Minha família aumentou, eu troquei de carro e estava contando com a venda para quitar esse outro veículo. Acabei tendo que fazer uma dívida, porque, basicamente, roubaram meu carro", disse.
Além dos problemas com a agência, o empresário acabou sendo processado pelo comprador da Duster, que está reclamando na Justiça que não recebeu o documento de transferência de propriedade do veículo. Ele próprio também acionou o judiciário para tentar reaver o carro e receber indenizações por danos morais.
"Agora é resolver na Justiça. Minha expectativa real é pegar o carro de volta, porque acho que eles não vão solucionar nada mais", lamentou.
O proprietário da empresa Nova Veículos, Guilherme Ferreira dos Santos, afirmou à reportagem que nenhum crime foi cometido, e que os clientes terão os valores pagos após a "reestruturação das operações".
"Estamos fazendo uma reestruturação das operações, alguns valores já foram acertados e o restante será acertado oportunamente. Não haverá prejuízo a ninguém. Não houve golpe por parte da empresa, apenas um período de dificuldades financeiras que será sanado o quanto antes", afirmou o proprietário.
Empresa comunicou fechamento da loja física em outubro de 2024
Reprodução/redes sociais
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que investigações estão em andamento tanto na 1ª Delegacia de Prevenção e Investigação de Furto e Roubo de Veículos Automotores – 1ªDEPIFRVA/DEICTRAN, como na Divisão de Fraudes.
"A Polícia Civil orienta aos que tenham sido lesados que compareçam a uma Delegacia de Polícia, para realizar a devida representação criminal, de modo que a investigação tenha início. Caso tenha ocorrido a efetiva entrega do veículo na agência, orienta-se pela busca pela 1ªDEPIFRVA. Caso a negociação fraudulenta tenha se operado, em prejuízo financeiro, contudo, sem vinculação ao bem automotor, indica-se procurar a Divisão de Fraudes, para o registro do fato e representação", afirmou em nota.
Vídeos mais vistos no g1 Minas: